Uma história sobre amor e resiliência.

Foi lá em 1994, parece uma eternidade de tempo, mas é minha história e precisa sempre ser lembrada e celebrada. A faixa mais difícil de se conquistar é a branca, pois é o primeiro passo, é a coragem de subir no tatame, depois é esforço e dedicação.

Foi no Karatê que descobri meu gosto pela disciplina, pela cultura oriental, pelo respeito, dedicação e esforço, conhecido na época por Karatê de Contato no estilo Kyokushin (Mas Oyama) era muito difícil de treinar, vinha todo “quebrado” para casa, mas nunca desisti.

Apesar de todos os estilos de Karatê serem de contato esse em específico tinha muito mais contato (full contact) o objetivo era outro, o que significa que suas regras de combate são voltadas especificamente para o nocaute e não por acumulação de wazari ou ippon.

Treinei constantemente durante 7 anos onde cheguei à faixa marrom. Fiquei parado algum tempo e voltei, entrei em outra organização de Karatê onde me formei faixa preta (1º e 2º Dan) me especializando também em Kickboxing, onde peguei também a faixa preta.

Participei de eventos e campeonatos, fui vice-campeão Sul-Americano de Karatê Toeikan, Vice-campeão no Main Event de Karatê Toshinkaikan no Rio Grande do Sul, Campeão Catarinense de Karatê Toeikan, 4º Lugar no Brasileiro de Kickboxing em Niterói/RJ, fiz também algumas especializações em Submission e Wrestling, treinei quase 2 anos de Muay Thai, fora outros eventos amadores e de participação como arbitro de Karatê e MMA.

Mas como tudo na vida acontece em ciclos e eles vão e vem, com o nascimento do meu primeiro filho parei de treinar em 2015 e em 2023 voltei, buscando minhas origens no Karatê, mas por quê? Meu filho começou a fazer Karatê na escola e isso me despertou a vontade de voltar, claro incentivado pela minha esposa para incentivar o esporte nele, porém aqui na cidade para onde nos mudamos não tem o Karatê de Contato (full contact) no estilo em que sou graduado e fui professor, mas em outro estilo de Karatê, o Karate-do Tradicional Shotokan, pois bem, aí que vem o motivo do texto:

Permita-se ser iniciante em algo, mesmo que já tenhas conhecimento e seja bom em várias coisas, permita-se aprender algo novo. Ser “faixa branca” em algo novo faz você mudar sua visão, seu conhecimento e sair da caixinha. Isso lhe dará conhecimentos extras, novas oportunidades, novas habilidades e principalmente resiliência, persistência e paciência.

Esse novo estilo tem muitas regras diferentes, o jeito de lutar, de pontuar, as movimentações, a busca pelo movimento correto e execução “perfeita” na aplicação dos golpes, é diferente apesar das origens serem todas iguais e não quer dizer que isso não seja buscado nos outros estilos e portando resolvi entrar para incentivar e reforçar isso no meu filho e me desafiar a algo novo.

Então voltei à faixa branca e estou me readaptando, ressignificando, me graduei em faixa vermelha (que é uma faixa símbolo de transição do iniciante para o avançado). Há um esforço de mudança de mindset e então já faz cinco meses que estou em novo processo de conhecimento e aceitação.

O aprendizado é sempre contínuo, mesmo depois de ser faixa preta continuamos a aprender, sempre há evolução, pois, água parada apodrece, se você para atrofia. Não existe o perfeito, pois perfeito quer dizer feito por completo e só paramos de nos modificar seja para qual lado for quando morrermos.

Ninguém chega a ser CEO de uma empresa ou Mestre das Artes Marciais sem antes passar pelos processos corretos, um após o outro, sem atalhos, sem desculpas, sem esforço, sem forjar profundamente a disciplina e persistência em seu espírito.

Deixo aqui minha imensa gratidão aos meus mestres nesse processo, Shihan Roberto Kasuo Takayanagi, Shihan Hideo Takada, Sensei Helio Hashigushi, Sensei Vitor Toffanelli, Sensei Valmir Teles e demais senseis, senpais e parceiros. Ao Sensei Helton Costa que foi meu aluno, parceiro, amigo e irmão de coração, ajudou muito nessa caminhada e a todos que me auxiliaram nesse caminho. Ao Sensei Jean Edoardo meu atual Sensei, que me acolheu e está me ajudando no processo de readaptação. Domo Arigato Gozaimassu.

Permita-se ao novo, permita-se sempre ser sempre um aprendiz, permita-se ser iniciante em algo.

Um faixa preta é apenas um faixa branca que nunca desistiu! Oss!

Sensei Sandro Moret

Faixa Preta 1º Dan de Karatê pela International Karate Organization Toshinkaikan

Faixa Preta 2º Dan de Karatê pela Word Toeikan Karate Organization

Faixa Preta de Kickboxing Word Toeikan Karate Organization

Faixa Vermelha de Karatê-Do Tradicional Shotokan pela C.B.K.T e F.K.T.PR